Na cidade de Santo André, os resíduos recicláveis são provenientes de comida na mesa há quase oito anos, graças ao programa Moeda Verde, que troca esses materiais por hortifrútis. E, recentemente, chegou a vez de os orgânicos ganharem um novo destino e servirem de moeda para a aquisição de hortaliças ou compostos, também conhecido como adubo, com o projeto Baldinho Verde.
Por meio desta ação, que funciona dentro do Quintal Verde, um espaço de educação ambiental que fica na Vila Guiomar, os munícipes podem trocar restos de alimentos não processados, ou seja, que não foram submetidos a procedimentos industriais, por hortaliças, como alface, escarola, catalonha e agrião.
Outra opção é levar para casa o composto que é produzido com o processo de reserva da matéria orgânica desses resíduos, transformando-os em adubo natural para servirem de nutrientes para plantas.
“O Baldinho Verde é mais uma importante política pública socioambiental de Santo André para incentivar e promover a prática de ações sustentáveis, contribuindo para inserir novamente os orgânicos na cadeia produtiva e aproveitar os seus valores nutricionais, além de diminuir o volume de resíduos que é destinado ao Aterro Sanitário Municipal e, consequentemente, a distribuição de gases de efeito estufa na atmosfera”, explica Edinilson Ferreira dos Santos, secretário de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas.
As trocas do projeto na Vila Guiomar ocorrem na Rua Marquês de Caravelas, 51, sempre às quintas-feiras, das 9h às 11h30 e das 13h30 às 15h30. A está iniciativa na terceira edição e é destinada apenas aos moradores da região – a Secretaria de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, por meio do Semasa, projeta levar o projeto para mais novos locais.
Números – Por dia, o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) coleta, em média, cerca de 18.500 toneladas de resíduos orgânicos, o que corresponde, aproximadamente, a 222.000 toneladas ao ano.
Grande parte desses materiais poderia ser reaproveitada – segundo o último estudo gravimétrico da autarquia (2022), 27% dos resíduos encontrados na fração orgânica são secos, que deveriam ter sido destinados à coleta seletiva, e 48% são úmidos, isto é, compostáveis. Os outros 25% são rejeitos – não servem para nenhum tipo de reciclagem.
Quando os resíduos secos, como papel, papelão, vidro e metal, são misturados aos úmidos, ocorre a contaminação desses materiais, fazendo com que eles não sejam reaproveitados. Além disso, o tempo de operação do aterro se esgota de forma mais ágil.
A aposentada Cleide Galli, moradora da Vila Guiomar há quase 27 anos, comenta que mais da metade dos seus resíduos orgânicos pode ser destinada ao Baldinho Verde, já que ela é vegetariana. “Eu quase não desço lixo no prédio. A maioria vem pra cá. Eu mesma trouxe cinco sacolas de orgânicos, como cascas de frutas, sementes, borra de café e restos de verduras. Antes, colocava na coleta porta a porta”, explica. Além das hortaliças, os participantes podem escolher trocar por composto líquido (biofertilizante) ou sólido.
Quintal Verde – O projeto Baldinho Verde fica em um espaço de educação ambiental pioneiro em Santo André para o cultivo da compostagem, da agricultura sustentável, da reciclagem, do plantio de ervas e hortaliças e da reutilização da água da chuva e da energia solar: o Quintal Verde.
Construído com acessibilidade para pessoas cadeiras, com deficiência visual e mobilidade reduzida, é lá que o Semasa implantou um pátio de compostagem que recebe os materiais orgânicos entregues pelos moradores da Vila Guiomar, além de resíduos de feiras livres da região e até restos de galhos e folhas secas dos parques urbanos da cidade, para transformá-los em adubo.
O local é aberto à visita monitorada para escolas, instituições assistenciais, grupos técnicos e municípios de Santo André. Mais informações sobre o Quintal Verde, bem como o Baldinho Verde e outras atividades que ocorrem no espaço, estão disponíveis no site da Semasa, ou diretamente em https://l1nk.dev/QuintalVerde .